terça-feira, 29 de outubro de 2013

"Depois da tempestade, vem a matéria de enchente",  " Quem nada deve com certeza não é jornalista",  "Em redação que tem estagiário bonitinho, jornalista cultural caminha de costas" e "Quem indica amigo é". Estes "provérbios jornalísticos" podem ser encontrados no blog Desilusões Perdidas.  Lá também levamos alguns tapas na cara que nos lembram como é a profissão de jornalista em uma série de postagens sarcásticas e bem-humoradas sobre a carreira, feitas por Duda Rangel, um personagem criado pelos irmãos Anderson e Emerson Couto que vive desde 2009. O blog tem atualmente 75 mil visitas por mês.

Mas gente, é tudo status mesmo. Tudo ilusão. E a primeira coisa que acontece quando se entra na faculdade de comunicação é sofrer uma desilusão com a profissão. O mercado é ruim, não tem vaga, o salário é baixo, você vai precisar ter mais que dois empregos e viver explicando para a sua avó o porquê de você não trabalhar no Jornal Nacional, mas daí já era. O jornalismo é tipo "Caverna do Dragão", você pode até tentar sair, mas não consegue.  Ele te pega de jeito, você pode até falar mal, mas sabe viver sem. Além de ser apaixonante.

Os irmãos gêmeos então resolveram escrever  sobre as contradições sentimentais jornalísticas de forma bem humorada e viraram hit entre os coleguinhas de profissão. Os relatos dos prazeres e desprazeres do jornalismo são feitos por Duda Rangel, um jornalista que perde o emprego, a mulher e o rumo de sua vida que sem  dinheiro para fazer terapia e sem competência para o suicídio, decide criar sua página na web.  No ano passado, o blog virou  livro com o título " A Vida de Jornalista Como Ela É". Eu sou uma grande fã do trabalho. Em uma breve conversa, Anderson Couto falou para o Décimo Andar um pouco sobre o blog.

Como surgiu o Duda Rangel?
Anderson:  A gente queria fazer um blog de ficção e humor sobre o jornalismo. Assim, a gente tinha a necessidade de criar um personagem. E foi o Duda Rangel. O Duda é o que chamamos de anti-herói, o jornalista desajustado, ferrado na vida, mas que tem um charme especial. As situações descritas no blog são tão reais que geram muita identificação nos leitores.

Por que escrever sobre as desilusões do jornalismo? 
Anderson:  Na verdade, a ideia não é falar só das desilusões no jornalismo. É mostrar o lado bom e o lado ruim, comuns ao jornalismo e a tantas outras profissões. Queremos mostrar que é possível ser feliz sendo jornalista, apesar de todos os perrengues. O importante é ter os pés no chão. O Duda é um cara que se desiludiu com o jornalismo, mas que conseguiu renascer, resgatar o prazer pela profissão.

Quando perceberam que o blog ia se tornar um livro?
 Anderson:  A gente já tinha uma quantidade de textos bem grande quando começamos a pensar em adaptar o blog num livro. Isso ajudou bastante. Alguns leitores também sugeriram a publicação do livro. Temos ainda um fetiche pelo papel, pelo produto impresso. Por tudo isso, o livro foi publicado.

Há quanto tempo vocês atuam no jornalismo e em que áreas? 
Anderson:  Estamos no jornalismo há quase 20 anos. Já atuamos em muitas áreas. Nossa maior experiência é com jornalismo impresso diário. Trabalhamos no jornal O Estado de S. Paulo (Estadão) e escrevemos para várias outras publicações. Atuamos também em comunicação corporativa e como roteiristas de TV.

Qual a visão de vocês sobre a vida de jornalista? 
Anderson:   A  vida de jornalista não é fácil. Exige dedicação, perseverança, muitas horas de trabalho, estudos, leituras etc. E nem sempre o retorno financeiro é o esperado. Mas, apesar das dificuldades, é uma carreira fascinante. Traz muito conhecimento, contato com gente (o que eu acho sensacional), viagens etc. É uma experiência de vida. Se o jornalista tiver paixão por seu trabalho, tudo acaba ficando mais fácil e prazeroso.

Bem, e quem não conhece o trabalho de Duda Rangel, corre lá no blog para conferir. Lá também é possível adquirir o livro. 

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Um comentário:

  1. Grande Duda, lia o blog dele bem na época que começou, uns 3 anos atrás!

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