Depois de uma semana sem TV Globinho, quer dizer, encontrando com Fátima Bernades todas as manhãs, já podemos ter uma opinião mais consistente sobre o programa da competente âncora do JN. Logo após a estreia, choveram críticas em cima da apresentadora, mesmo mantendo a liderança no ibope, alcançando 11 pontos de pico, o que a Globo não conseguia no horário há um bom tempo. E as críticas foram pertinentes, se arrastaram durante a semana e refletiram na audiência da atração, que segue perdendo para os desenhos do SBT.
Sempre ouvi dizer que o jornalismo nós torna frios com os anos de profissão e acho que foi isso que aconteceu com Fátima. Por mais simpática que seja, sua voz adquiriu o tom do seu velho companheiro teleprompter ( aquele monitor que passa o texto para a leitura dos jornalista na TV). Por mais que se esforce para parecer leve, mantém a postura séria de âncora do maior telejornal do Brasil. Falta emoção para encantar o público. Me sinto cometendo uma heresia ao criticar a Fátima, que é como uma diva dentro do jornalismo, pois sabemos da sua competência, mas para trabalhar com entretenimento vai ter que se reinventar.
Além disso, nada a ajudou. Para começar o programa não parece ter sido produzido para o horário das 10h30 da manhã. O cenário é escuro, o que me lembra muito os programas noturnos. Até o figurino dela não ta ajudando muito. Ta muito sério. As pautas frias também foram alvo de criticas. E, fora que não vi lógica ao falar de depilação ou namoro entre professores e alunos no horário em que todos estavam acostumados a ver Bob Esponja. É lógico que isso não ia dar certo.
Acho que a atração não deveria estar nas manhãs. Ainda mais pela proximidade com o programa da Ana Maria Braga que já traz alguns debates e com o Bem-Estar que limita as pautas de saúde tanto da Ana Maria quanto da Fátima. Depilação é cara de pauta do Bem-Estar. E é notável que as outras atrações estão mais corridas. Ao meu ver, os primeiros programas ficaram parecendo os da Ana Maria, mas sem receita.
É nítido que o "Encontro com Fátima Bernades" precisa de ajustes. E os números do Ibope mostraram isso para a emissora. Hoje mesmo o programa já teve mais um pouco de calor humano.O garçom azarado, que foi o único a não participar do bolão vencedor da mega-sena com os amigos do restaurante onde trabalha, marcou presença e rolou até telefonema do Luciano Huck prometendo ajuda ao pobre rapaz. É disso que o povo gosta. É isso que o povo quer. Assuntos atuais, que de fato despertem interesse no público e um pouquinho assistencialismo sensacionalista para tocar o coração da dona de casa. Mas a audiência nem respondeu, e o programa teve um share (participação total de televisores ligados) menor que o do Globo Rural que vai ao ar as 6h da manhã.
Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos e ver o que acontece. Mas algo me diz que muita coisa vai mudar. Oremos.